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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

[Procura-se]


Procura-se por formosa dama que se encontrava em meio a tantas palavras. Moça essa, de tantas outras que passavam, parecia olhar com a ressaca de quem já lera todas as capas dos livros que estavam ao seu redor no domingo de Bienal.

Procura-se por tamanha beleza perfeitamente distribuída nos seus prováveis 1,70 m. Beleza essa que caminhava, certamente, em alguma sandália de ligeiro salto a qual não pude atender meus olhares. Provavelmente seus pés devem ser tão belos quanto o conjunto da obra.

Procura-se pela aquela que, em blusa estampada, mostrava um puma dourado em uma blusa branca, não menos brilhante do que o relógio em qual mão segurava mimosa bolsa. Mãos bem cuidadas, pele branca e macia.

Procura-se pela alva princesa do castelo que nem ao certo sei se príncipe a tem em seu coração. Qual cavaleiro não se encantaria por tamanho encanto em forma de mulher? Posso não ter a estatura de um guerreiro de armadura em seu cavalo branco, mas não te enganas com minha altura. Meu coração pode ser maior do que qualquer Ricardo que apareça com seu título de nobreza.

Procura-se pela Rapunzel, com seu penteado rabo de cavalo, com seu rostinho lindo, tão distante da torre que habitualmente dorme e que provavelmente é longe da minha. Esse sorriso armado que não quis sair enquanto a admirava, abraçada de quando em vez com o seu irmão mais novo (Será?) e falado ao seu pai, de bigode quase branco, palavras inaudíveis no meio de tanto falatório.

Procura-se pelos olhos mais belos que já vi na vida. Azuis ou verdes? Doce ilusão. Um tom castanho com mel nunca antes fora visto por mim ou a maioria dos mortais. Um Mel abundante, profundo e doce que deve ter já atraído muitas abelhas, assim como atraiu e traiu a minha concentração. Profundidade que nunca vi alcançada por qualquer outra tonalidade do arco-íris, nem mesmo Capitu teria olhos assim: Tão amáveis quanto afáveis.

A recompensa pela busca? A gratidão e a alegria imensurável de um espectador da vida dos anônimos. Quem souber do paradeiro deste pedaço do céu, avise-me quando a avistar navegando perdidamente por ai. Posso não ter asas de penas como as dela, mas o meu par de cera pode lhe fazer uma primeira e última visita.

Lucas Macedo Lopes


16 de novembro de 2008

~/Ł/~

O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós - Jean-Paul Sartre