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sábado, 15 de dezembro de 2007




[“Ver e não te querer, é improvável, é impossível”].

Um olhar. O que além disso é necessário para vermos a alma do outro? Sim, pois o que dizem, não é que os olhos são as janelas da alma? Algo tão abstrato e ao mesmo tempo tão belo, sublime, por assim dizer. Mesmo com todas as qualidades e defeitos de outrem, ficamos intrigados com o que vemos.

Tudo bem ser uma pessoa, mas cada indivíduo é um mundo de proporções infinitas. O que será que os outros pensam, seu desejos, anseios e medos? Quem sabe, até os seus objetivos e suas derrotas? Mas vamos atentar ao mais obscuro, por assim dizer: O que sente cada alguém que passa ao seu lado, todos os dias? Intrigante ver o que se passa com cada um. Cada um com seus causos e rotinas fatigantes, que sempre tendem mudar a cada nascer do sol.

O (por assim dizer) supra sumo de ver a alma de alguém, é quando a mesma tem a capacidade de deixar-te intrigado. Um olhar que tem o poder de cativar, de querer saber o que há além das suas belíssimas cores. Alguém que tem a capacidade de alterar o seu ritmo cardíaco e respiratório, fazendo não só com que a sua mente se sinta atraído pelo que está vendo, mas deixando os seus sentimentos em um estado de euforia, de forma que eles não conseguem se conter dentro de um importante músculo, o que o torna – um tanto quanto – arrítmico.

Os braços, por sua vez, é como podemos sentir o calor do outro (ou até mesmo esquenta-lo). Em reencontros e despedidas, o abraço é usado como símbolo da fraternidade. A vontade do outro de demonstrar o que sente, sem o traduzir com palavras. O que muitas vezes é ocultado por um sorriso ou uma lágrima se torna evidente na hora em que os braços circundam um alguém em questão.

Se os olhos são as janelas da alma, os lábios nos traduzem o que há de melhor no interior do outro. Quando ambos se tocam, são quão próximas às almas se dizem “completa” – no singular mesmo. O contato além do físico se torna algo extraordinário para pessoas que querem sentir o outro. A respiração ofegante, as rápidas trocas de olhares e sorrisos e, por várias vezes, as almas se sentem unidas por uma força inexplicável. O tempo que se passa nesse momento, é tão infinito quanto breve, é como se o relógio parasse e adiantasse simultaneamente. É algo que as almas não esquecem o que ali foi experimentado: Os sentimentos mais profundos e arraigados do outro.

Se para Bentinho, os olhos da Capitolina (ou popularmente conhecida como Capitu) fossem “olhos de ressaca”, é porque fora um homem que foi amargurando-se com o passar do tempo. O sentimento, que antes era belo, tornou-se ciúmes e gerador de intrigas internas do personagem. Ele esqueceu (ou melhor, não percebeu) que a “ressaca” foi por ele criada. O que Capitu possuía eram olhos que o cativavam, como o mar, e como tal, o velho lobo-do-mar (Bentinho) resolveu subestimar e duvidar, o que o trouxe prejuízos.

Fora da eterna duvida machadiana que paira sobre Dom Casmurro, a certeza de sempre poder apreciar a alma de quem realmente se gosta, é animador. Não pelo o que se sabe, mas pelas sensações que borbulham em seu interior, se transformando em uma salada que pode ser admirada de várias maneiras. Ver e sentir os mais profundos anseios e sensações de quem se quer bem, é uma das coisas mais enlevantes da vida.





por
Lucas Arts


[Agradecimentos a Marlo Renan, por ter me ajudado a enriquecer o meu vocabulário]



~/Ł/~


Um comentário:

MARLO RENAN disse...

A admiração que eu tenho pelos teus textos é tácita.
Mesmo assim, sobre esta bela dissertação, já discutimos o suficiente para ficar claro o quanto eu a admirei.
Grato pela consideração no final.

=D

Abraço!

O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós - Jean-Paul Sartre