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terça-feira, 7 de julho de 2009

[ Esqueça o Cão de Marley ]

Desde a leitura de Hipopótamos, a minha lista de autores Beat aumentou. Estive hoje caminhando por uma livraria, admirando os títulos desconhecidos, velhos e novos e me deparei com mais uma obra de William Burroughs. Não, ainda não é o tão citado Naked Lunch mas é de uma leitura agradável como um bom escrito Beat.

A primeira impressão que se tem é que O Gato por Dentro é uma seqüência de pequenos textos sobre gatos. Lembra bastante um diário no qual Burroughs faz uma colagem de vários relatos. Na maioria dos causos que ele fala, o Gato Branco e Ruski são geralmente os personagens que mais aparecem. É interessante notar a ligação que ele possui com os felinos. É uma relação que ele define que os humanos são os guardiões dos gatos. É algo que todos gatos de seleiros e das ruas querem no final das contas. Em alguns trechos ele mostra o seu repúdio ao simples “matar por ser algo estranho”:

“Um documentário na TV sobre o Pé-grande. Pegadas e aparições nas regiões montanhosas do noroeste. Entrevistas com moradores locais. Surge uma mulher desleixada de 150 quilos:

- O que, em sua opinião, deve ser feito com essas criaturas no caso delas existirem?

Uma sombra escura atravessa seu rosto feio e seus olhos reluzem com convicção;

- Matar todas! Elas podem machucar alguém.”

Claro, ele não exprime sua repudia ao simples “matar” por causa do Pé-grande: no decorrer do livro você entenderá sua posição em relação a isso.

Há breves relatos sobre a diferença entre os cães e os gatos, mas tem efeito. Pelos escritos que compõe a obra serem curtos, o autor consegue ser sucinto na hora de expor a sua opinião. Para ele, os cães são como feras domesticadas, usadas como um reflexo do pior lado do homem, sendo transformados em amigos dos humanos que “não prestam”.

Diferente do Marley & Eu (confesso que não me interesso em ler esse livro, apesar de ter visto o filme), sua escrita não linear dá um charme a obra que se assemelha a um mar de pensamentos. Assim, você pode começar a ler o livro de qualquer ponto, pois cada página é, literalmente, um micro-capítulo novo a ser apreciado. Por ter sido lançado em 1992 nos EUA, faltavam apenas cinco anos para o autor falecer - e com o decorrer de sua avançada idade – dando uma visão que ele mistura os acontecimentos, o que não conspurca a obra.

Ao que parece, o livro é uma espécie de biografia dos gatos que Burroughs possuiu e a influencia que eles tiveram na vida do autor. Encerro o meu parecer da obra com um trecho que muito apreciei:

“Não acho que é possível escrever uma autobiografia totalmente honesta. Tenho certeza de que ninguém agüentaria lê-la: Meu passado era um rio maldito”.

O Gato por Dentro, L&PM Pocket Plus, William Burroughs, 107 páginas R$8,00

Lucas Macedo Lopes

7 de julho de 2009

~/Ł/~


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O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós - Jean-Paul Sartre