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quinta-feira, 16 de julho de 2009

[ Mas Que Belo Mènage ]


Não é a primeira vez que vejo alguém fazendo piadas de um livro por causa de sua capa. Ainda a um certo tabu quando se vê estampado na capa um título estampado com os seguintes dizeres: Ménage à Trois. A cor vermelha, a forma como o título foi colocado e as letras miúdas “Eu Versos Eu, Sem Vergonha, Mundo da Lua e outros poemas” são um tanto quanto intrigantes para qualquer leitor

“Ménage à Trois, como o próprio nome diz, é um caso de amor a três. Neste caso, os três primeiros livros de poemas de Paula Taitelbaum: Eu Versos Eu (WS Editor, 1998), Sem Vergonha (L&PM, 1999) e Mundo da Lua (L&PM, 2002), reunidos em um só volume da coleção L&PM Pocket”.

Quem é Paula Taitelbaum? O próprio livro não revela quem é essa autora que tanto me proporcionou sensações engraçadas. Digo engraçadas, pois sua fina ironia provoca risos no leitor e o que se vê pele sua obra é o reflexo de todas as mulheres. Não, não conheço todas, mas os poemas revelam angústias comuns que os relacionamentos podem causar. As dúvidas vão além da esfera do emocional, se confundem com o carnal, misturam experiências e esperanças de encontrar alguém que “Apesar do olho no olho / Mais uma vez fiquei de molho “(17., Ménage à Trois, Pág. 20). E é assim, com uma fina sagacidade, que ela vai traduzindo as experiências e sensações femininas através da escrita:


31.

Primeiro fui menina, guria

Depois moça e agora tia

Daqui a pouco, sem demora

Tô sentindo

Vão me chamar de senhora

(Paula Taitelbaum, Ménage à Trois, pág. 27)


53.

Adivinha?

Quando pensei que o amor vinha

Quando achei que ele estava na minha

Ele veio com essa ladainha

E eu que achava que tinha

Fiquei novamente sozinha.

(Paula Taitelbaum, Ménage à Trois , Pág. 41)


Não havia lido antes nenhuma obra desse tipo escrito por uma mulher, e o resultado foi um ótimo livro para se ter a cabeceira. Claro, por ter sido escrito por uma mulher não quer dizer que eu esteja criando preconceitos, mas a divulgação é nula desse tipo de literatura, apenas com um bom faro (ou muita coincidência) é que se pode encontrar algo com tamanha qualide.

Sendo a coletânea de seus três primeiros livros, percebesse uma evolução de sua escrita. Eu Versos Eu é basicamente composto por poemas curtos, Sem Vergonha já é algo em transição, com alternância entre os vários poemas curtos com alguns longos e Mundo da Lua já se mostra mas equilibrado quanto ao “tamanho” de seus poemas (nota-se uma busca por uma mudança de estilo que vá agregar um valor maior a obra ou evitar que os leitores fiquem enfadonhos com eventuais repetições).


71.

Homem sem conteúdo

É como criado-mudo

Ali parado

Ao nosso lado

Abarrotado de coisas pessoais

Mas quase sempre banais.

(Paula Taitelbaum, Ménage à Trois , Pág. 52)


90.

Vai pra puta que te pariu!

Só que, ei ,psiu!

Não esquece de voltar logo, ouviu?

(Paula Taitelbaum, Ménage à Trois , Pág. 61)


O maior arrependimento será você se deparar com um livro tão convidativo como esse e não levá-lo para casa. Buscando por algo que alivie sua cabeça, ou algo que vá ocupar suas horas vagas e lhe dar algum prazer? Ménage à Trois, de Paula Taitelbaum, é uma excelente escolha.

Ménage à Trois, L&PM Pocket, 240 páginas, Paula Taitelbaum, R$16,00.


Lucas Macedo Lopes

15 de julho de 2009

~/Ł/~

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O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós - Jean-Paul Sartre