- Você vai?
- Vou!
- Tem certeza?
- Claro, por que eu não teria?
- Sei lá, você está hesitando tanto...
- Eu?! Quem disse?
- Não precisa alguém dizer, basta ver nos seus olhos...
- Bobagem.
- Bobagem?
- Sim, bobagem.
- Bem, eles lhe traem toda vez que olha para lá.
- Como você sabe? Eu não fico olhando para você!
- É, mas quando você se vira e me encara, eles pedem por socorro.
- Deixe de tolice. Eu não voltaria atrás.
- E por que não?
- Ué, porque eu já fiz a minha decisão e você não me fará voltar atrás.
- Mesmo os seus olhos me dizendo o contrário?
- Claro, até porque olhos não falam.
- Não é porque você está dizendo o contrário que eu não vá saber.
- Tolice.
- Tolice?
- Pura tolice sua. Por que eu não devo continuar?
- A questão não é se deve ou não: e sim a sua coragem de fazê-lo.
- Mas posso muito bem continuar
- Mas não tem a coragem.
- Dúvida que eu não o faça?
- Disso eu não duvido, mas você sabe que é um caminho sem volta...
- Sei, sei...
- Por isso ainda estou aqui.
- Como assim? Você duvida se eu vou ou não e já esteve aqui antes de mim?
- É... Chato admitir, não é?
- Agora é o sujo falando do mal lavado...
- Mas você não entende...
- Eu não entendo? Eu estava prestes a continuar e você começou com essa ladainha!
- Já viu como o a vista daqui é bela?
- Hã? O que...
- A vista. Está vendo como é bela?
- É... Realmente.
- Então, para que ir lá se você pode muito bem ficar aqui apreciando tudo isso?
- Isso pode ser tudo para ti, mas para mim é o mínimo.
- Tem certeza?
- Certeza eu não tenho, mas do que me vale uma paisagem apenas contemplativa?
- É a melhor certeza do que esses caminhos tortuosos, com toda certeza!
- Tortuosos? Só por que você teme o que não conhece...
- Mas por que não fica aqui comigo?
- Porque é provável que eu enjoe.
- Mas não há nada para se enjoar!
- Bem, posso enjoar de mim mesmo, de ti e da paisagem, não?
- Mas como, bela assim?!
- Essa beleza morre algum dia, ou eu morrerei antes que isso aconteça.
- Bem, você quem sabe...
- Você vai mesmo?
- Vou não, já estou a caminho.
Lucas Macedo Lopes
17 de julho de 2009
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Um comentário:
enjoar de uma paisagem eu até entendo. Mas de uma pessoa...
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